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A vida à espera dos pets: furtos de animais tiram sossego de tutores

Por PATRICIA em 01/07/2022 às 06:24:14

Caçula da família Souza, Lolla, uma cachorrinha da raça chow-chow, tinha apenas 6 meses quando dois homens levaram-na de casa, no Recanto das Emas. Até hoje, quatro anos depois, os tutores da cadela vivem à espera de um telefonema de resgate. "Enquanto meu marido levava meu filho para o colégio, em junho de 2019, arrombaram o portão, pegaram minha tevê, meu botijão, microondas e minha companheira Lolla", conta Estefany Souza, 30 anos. "Além dela, tínhamos a Belly, da raça shih-tzu, que, à época, tinha 5 anos. Meu marido chegou em casa e a encontrou toda acuada, dentro da casinha, como se estivesse se escondendo, com medo", detalha.

Para a coordenadora da Associação Protetora dos Animais do Distrito Federal (ProAnima-DF), Mara Moscoso, o principal alvo de criminosos são animais de raça e que estão "na moda", principalmente filhotes, considerados mais caros. Isso acontece porque, na maioria das vezes, os interessados em comprar bichos não buscam saber a origem deles. Assim, um pet levado da casa de uma família pode permitir que pessoas mal-intencionadas ganhem dinheiro sem dificuldade.

"Se um filhote de raça com pedigree é vendido por R$ 4 mil, um criminoso pode, facilmente, revender um furtado por R$ 1 mil. Assim como toda mercadoria que, quando roubada, é repassada (adiante por preço) mais barato. Isso acontece porque existe comprador que adquire (um animal) sem saber a procedência. Infelizmente, isso tem aumentado. Mas eles são seres com sentimentos como qualquer pessoa", lembra Mara.

Efeitos

A perda do bicho de estimação, por quaisquer circunstâncias, remete a sensações bem parecidas com as do luto por um ente querido. Isso porque, com o passar dos anos, a relação entre os seres humanos e os outros animais se estreitou. A psicóloga Jamile Jaber lembra que pets ajudam a combater sintomas como estresse, solidão, depressão e ansiedade. "Eles (os bichos) são considerados integrantes da família. Não mais utilitários e, sim, companheiros. Ao ter um levado embora, o que o tutor sente passa por diversas fases até a superação total e ressignificação do processo (de luto)", comenta a especialista.

Estudante universitária, Ana Carolina, 23, enfrentou esse sentimento quando descobriu que o cãozinho Diego, de 5 meses, havia sido tomado por criminosos. O furto do animal ocorreu após uma discussão aflorada entre ela e vizinhos do bairro onde morava, no Areal, no início do mês passado. A motivação seria um carro estacionado em frente à casa de um morador da região. "Minhas filhas amavam o Diego. Eu tinha expectativa de me devolverem ele ou de achá-lo, mas confesso que perdi as esperanças", relata a tutora do filhote da raça pit-bull.

Para mobilizar mais pessoas em torno das buscas, a família divulgou informações sobre o animal em grupos de moradores da região, com telefone para contato. "Quando aconteceu isso (a briga com vizinhos), eu tive de me mudar às pressas. Nem pude procurar o Diego nas redondezas. Minhas filhas e eu sentimos muita saudade", lamenta Ana Carolina, emocionada.

Para o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF), Arthur Reis, bichos de raça têm sido mais visados, pois a maioria dos criminosos vê neles uma "oportunidade" para exploração. "O furto de pets pode ocorrer para uso deles como matrizes reprodutivas ilegais, extorsão ou mesmo venda, porque os de raça têm alto valor comercial. Atualmente, tramitam no Congresso Nacional projetos de lei que pretendem tornar mais rígidas as penas para quem comete esses atos contra animais criados para consumo. Mas é importante destacar que eles (animais domésticos) também têm valor intrínseco, pois são seres vivos dotados de dignidade e verdadeiros membros da família", destaca.

*Estagiário sob a supervisão de Jéssica Eufrásio 

Fonte: Correio Braziliense

Tags:   COTIDIANO
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