O que pode ser feito para ampliar a política de cotas no Brasil

Sociólogo explica a importância de melhorar o período dentro da universidade, já que 'a vida do estudante não acaba quando ele passa no vestibular'. Para Paulo César Ramos, sociólogo e pesquisador do núcleo Afro do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), a política de cotas no Brasil talvez seja a política de inclusão social mais bem-sucedida dos últimos 20 anos.

"Porque ela não trabalha apenas com os estudantes ou alunos de grupos sociais que estavam em péssimas condições sociais. Elas conseguem pegar esses estudantes e alçar essas pessoas ao status de classe média", disse ele em entrevista ao podcast O Assunto desta quarta-feira (6).

Mas, segundo Ramos, a política de cotas ainda pode ser ampliada e melhorada no Brasil, principalmente no período dentro da universidade, já que "a vida do estudante não acaba quando ele passa no vestibular", nas suas palavras.

"O grau de mobilidade promovido por essas políticas é muito salutar, só que no interior da Universidade ainda existem constrangimentos psicológicos, sociais e acadêmicos, inclusive da própria carreira acadêmica, que impedem a inclusão definitiva e plena desses estudantes."

E o que pode ser feito para melhorar? Para Ramos, a resposta passa por medidas que possam assegurar a permanências desses estudantes na universidade e ampliar pesquisas em outras áreas de estudo para além das ciências sociais.

Imagem ilustrativa de arquivo mostra mãos de estudantes conferindo lista de aprovados em vestibular

UnB Agência

"Eu acho que existem alguns mecanismos que possam ser implementados para ampliar e fortalecer a política de cotas. Políticas de acesso e permanência para estudantes cotistas. Acredito que também o fornecimento de uma assistência estudantil maior para estudantes, como por exemplo o fortalecimento das moradias universitárias."

"Eu acredito que a abertura de linhas de pesquisa voltadas ao interesse desses estudantes, que muitas vezes estão étnico-racialmente marcados, por meio da abertura de inclusão de grandes de pesquisas tanto nas áreas de ciências humanas, o que já acontece, como nas áreas de ciências exatas, tendem a fortalecer a política de cotas."

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